#26 - Deus responde a Jó


Depois disso, do meio da tempestade, o SENHOR deu a Jó a seguinte resposta: As suas palavras só mostram a sua ignorância; quem é você para pôr em dúvida a minha sabedoria? 

Mostre agora que é valente e responda às perguntas que lhe vou fazer. 

Onde é que você estava quando criei o mundo? Se você é tão inteligente, explique isso.

Você sabe quem resolveu qual seria o tamanho do mundo e quem foi que fez a medições? Em cima de que estão firmadas as colinas que sustentam a terra? Quem foi que assentou a pedra principal do alicerce do mundo? 

Na manhã da criação, as estrelas cantavam em coro, e os servidores celestiais soltavam gritos de alegria. Quando o Mar jorrou do ventre da terra, quem foi que fechou os portões para segurá-lo? Fui eu que cobri o Mar com as nuvens e o envolvi com escuridão. Marquei os limites e fechei com trancas as suas portas. E eu lhe disse: Você chegará até este ponto e daqui não passará. As suas altas ondas pararão aqui. 

Jó, alguma vez na sua vida você ordenou que viesse a madrugada e assim começasse um novo dia? Você alguma vez mandou que a luz se espalhasse sobre a terra, sacudindo os perversos e os expulsando dos seus esconderijos? A luz do dia mostra as formas das montanhas e dos vales, como se fossem as dobras de um vestido ou as marcas de um sinete no barro. Essa luz é clara demais para os perversos e os impede de praticar a violência. 

Jó, você já visitou as nascentes do mar? Já passeou pelo fundo do oceano? Alguém já lhe mostrou os portões do mundo dos mortos, aquele mundo de escuridão sem fim? Você tem alguma ideia da largura da terra? Responda, se é que você sabe tudo isso. 

De onde vem a luz, e qual é a origem da escuridão? Você sabe mostrar a elas até onde devem chegar e depois fazer com que voltem outra vez ao ponto de partida? Sim, você deve saber, pois é bem idoso e já havia nascido quando o mundo foi criado. 

Você alguma vez visitou os depósitos onde eu guardo a neve e as chuvas de pedra, que ficam reservadas para tempos de sofrimento e para dias de lutas e de guerras? Você já esteve no lugar onde nasce o sol ou no ponto onde começa a soprar o vento leste? 

Quem foi que abriu um canal para deixar cair os aguaceiros e marcou o caminho por onde a tempestade deve passar? Quem faz a chuva cair no deserto, em lugares onde ninguém mora? Quem rega as terras secas e despovoadas, fazendo nascer nelas o capim? 

Será que a chuva e o orvalho têm pai? E quem é a mãe do gelo e da geada, que faz com que as águas virem pedra e que o mar fique coberto por uma camada de gelo? Será que você pode amarrar com uma corda as estrelas das Sete-Cabrinhas ou soltar as correntes que prendem as Três-Marias? 

Você pode fazer aparecer a estrela-d'alva ou guiar a Ursa Mario e a Ursa Menor? 

Você conhece as leis que governam o céu e sabe como devem ser aplicadas na terra? Será que a sua voz pode chegar até as nuvens e mandar que caia tanta chuva, que você fique coberto por um dilúvio? Você pode fazer com que raios apareçam e venham dizer-lhe: Estamos às ordens? 

Quem deu sabedoria às aves, como o íbis, que anuncia as enchentes do rio Nilo, ou como o galo, que canta antes da chuva? Quem é capaz de contar as nuvens? Quem pode derramar a sua água em forma de chuva, que faz o pó virar barro, ligando os torrões uns aos outros? 

Será que é você quem dá de comer às leoas e mata a fome dos leõezinhos, quando estão escondidos nas suas covas ou ficam de tocaia nas moitas? Quem é que alimenta os corvos, quando andam de um lado para outro com fome, quando os seus filhotes gritam a mim pedindo comida? (Jó 38)

Você sabe quando nascem os cabritos selvagens ou já viu nascerem as corças? Você sabe quantos meses as suas fêmeas levam para darem cria ou qual é o momento do parto?
Você sabe quando elas se abaixam para dar cria, trazendo a este mundo os seus filhotes?

Os filhote crescem fortes, no campo; depois vão embora e não voltam mais. 

Quem deu a liberdade aos jumentos selvagens? Quem os deixou andar soltos, à vontade? 

Eu lhes dei o deserto para ser a sua casa e os deixei viver nas terras salgadas. Eles não querem saber do barulho das cidades; não podem ser domados, nem obrigados a levar cargas. Eles pastam nas montanhas, onde procuram qualquer erva verde para comer. Será que um touro selvagem vai querer trabalhar para você? Será que ele vai passar a noite no seu curral? Será que você consegue prendê-lo com cordas ao arado a fim de arar a terra ou puxar o rastelo? Será que você pode confiar na grande força que ele tem, deixando por conta dele o trabalho pesado que há para fazer? Você espera que ele traga o trigo que você colher e o amontoe no terreiro? 

Como batem rápidas as asas da avestruz! Mas nenhuma avestruz voa como a cegonha. A avestruz põe os seus ovos no chão para que a areia quente os faça chocar. Ela nem pensa que alguém vai pisá-los ou que algum animal selvagem pode esmagá-los. Ela age como se os ovos não fossem seus e não se importa que os seus esforços fiquem perdidos. Fui eu que a fiz assim, sem juízo, e não lhe dei sabedoria. Porém, quando ela corre, corre tão depressa, que zomba de qualquer cavalo e cavaleiro. 

Jó, por acaso, foi você quem fez os cavalos tão fortes? Foi você quem enfeitou o pescoço deles com a crina? É você quem os faz pular como gafanhotos e assustar as pessoas com os seus rinchos? Impacientes, eles cavoucam o chão com as patas e correm para a batalha com todas as suas forças. Eles não têm medo. Nada os assusta, e a espada não os faz recuar.  Por cima deles, as flechas assobiam, e as lanças e os dardos brilham. Tremendo de impaciência, eles saem galopando e, quando a corneta soa, não podem para quietos. Eles respondem com rinchos aos toques das cornetas; de longe sentem o cheiro da batalha e ouvem a gritaria e as ordens de comando. 

É você quem ensina o gavião a voar e abrir as asas no seu voo para o Sul? Será que a águia espera que você dê ordem a fim de que ela faça o seu ninho lá no alto?  Ela mora nas pedras mais altas e no alto das rochas constrói o seu ninho seguro. Dali enxerga o animal que ela vai atacar, os seus olhos o avistam de longe. Onde há um animal morto, aí se ajuntam as águias, e os filhotes chupam o sangue. (Jó 39)

Então o SENHOR disse: Jó, você desafiou a mim, o Deus Todo-Poderoso. Vai desistir ou vai me dar uma resposta?

Então, em resposta ao SENHOR, Jó disse: Eu não valho nada; que posso responder? Prefiro ficar calado. Já falei mais do que devia e agora não tenho nada para dizer.

Então, do meio da tempestade, Deus respondeu a Jó assim: Mostre agora que é valente e responda às perguntas que lhe vou fazer. 

Será que você está querendo provar que sou injusto, que eu sou culpado, e você é inocente? Será que a sua força pode ser comparada a minha? Será que você pode trovejar com voz tão forte como eu? Se você pode, então vista-se de glória e grandeza e enfeite-se com majestade e esplendor. Olha para todos os orgulhosos; faça explodir a sua raiva contra eles e humilhe-os. Sim, olhe para eles e humilhe-os; esmague os perversos no lugar onde estão. Sepulte-os todos na terra; amarre-os na prisão dos mortos. Se você fizer isso, eu serei o primeiro a louvá-lo e a reconhecer que você venceu pelas suas próprias forças. 

Olhe para o monstro Beemote, que eu criei, como também criei você. Ele come capim como o boi, mas veja quanta força tem e como são poderosos os músculos! O seu rabo levantado é duro como um galho de cedro, e nos músculos das suas pernas têm muita força. Os seus ossos são fortes como canos de bronze, e as suas pernas são como barras de ferro. Ele é a mais espantosa das minhas criaturas. 

Só eu, o seu Criador, sou capaz de vencê-lo. 

O capim que o alimenta cresce nas montanhas, onde as feras se divertem. Ele se deita debaixo dos espinheiros e se esconde no brejo, entre as taboas. Os espinheiros lhe dão sombra; os salgueiros do ribeirão o rodeiam. Se há uma enchente, ele não se assusta; e fica tranquilo mesmo que a água do rio Jordão suba até o seu focinho. Quem é capaz de cegá-lo e agarrá-lo ou de prender o seu focinho numa armadilha? (Jó 40)

E, quanto ao monstro Leviatã, será que você pode pescá-lo com um anzol ou amarrar a sua língua com um corda? 

Você é capaz de passar uma corda pelo nariz dele ou furar o seu queixo com um gancho?

Será que ele vai pedir que você o solte ou implorar que tenha dó dele? Será que ele vai fazer um trato com você, prometendo trabalhar para você o resto da vida? Será que você vai brincar com ele como se fosse um passarinho? Você vai amarrá-lo, a fim de servir como um brinquedo para as suas empregadas? Será ele vendido por um grupo de pescadores? Será que para isso o cortarão em pedaços? Será que você pode enterrar lanças no seu couro ou fincar arpões de pesca na sua cabeça? 

Tente encostar a mão nele, e será uma vez só, pois você nunca mais esquecerá a luta. Só de olhar para o monstro Leviatã as pessoas perdem toda a coragem e desmaiam de medo. 

Se alguém o provoca, ele fica furioso. Quem se arriscaria a desafiá-lo? Quem pode enfrentá-lo sem sair ferido? Ninguém, no mundo inteiro. 

Agora vou falar das pernas do Leviatã, do seu tamanho e da sua força sem igual. Quem pode arrancar o couro que o cobre ou furar a sua dupla couraça? Quem é capaz de fazê-lo abrir a sua queixada rodeada de dentes terríveis? As suas costas são cobertas de fileiras de escamas ligadas umas com as outras e duras como pedras. Estão coladas tão bem umas nas outras, que nem o ar passa entre elas. Estão ligadas entre si e bem colados de modo que ninguém pode separá-las. 

Quando o Leviatã espirra, saem faíscas; os seus olhos brilham como o sol ao amanhecer. A sua boca lança chamas, e dela saltam faíscas de fogo. O seu nariz solta fumaça como a de galhos que queimam debaixo de uma panela. O seu sopro acende o fogo, e da sua boca saem chamas. 

A sua força está no pescoço, e a cara dele mete medo em todo mundo. No seu couro não existe ponto fraco; ele é firme e duro como ferro. O seu coração cruel não tem medo; é duro como uma pedra de moinho. Quando ele se levanta, até os mais fortes ficam apavorados; o medo impede de agir. Não há espada que consiga feri-lo, nem lança, nem flecha, nem arpão. Para ele, o ferro é como palha, e o bronze, como pau podre. As flechas não o fazem fugir. Jogar pedras nele é como jogar capim. Bater nele com um porrete é o mesmo que bater com uma torcida de palha; ele zomba dos homens que lhe atiram lanças. 

A sua barriga é coberta de cacos pontudos, que reviram a lama como se fossem uma grade de ferro. Ele agita o mar e o faz ficar como água que ferve na panela, como o óleo fervendo no caldeirão. Ele vai deixando na água um rastro luminoso, como se o mar tivesse uma cabeleira branca. Não há nada neste mundo que se compare com ele, pois foi feito para não ter medo. O Leviatã olha para tudo com desprezo e entre todas as feras orgulhosas ele é rei. (Jó 41)




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