#14 - A reflexão de Elifaz, amigo de Jó



Então Elifaz, da região de Temã, em resposta disse: "Jó, será que você ficará ofendido se eu falar? Mas quem é que pode ficar calado? Você ensinou muita gente e deu forças a muitas pessoas desanimadas. Quando alguém tropeçava, cansado e fraco, as suas palavras o animavam e ficar de pé. Mas agora que chegou a sua vez de sofrer, como é que você perde a paciência e a coragem? O seu temor a Deus não lhe dá confiança? A sua vida correta não o enche de esperança? Você lembra de alguma pessoa inocente que tenha caído na desgraça ou de alguma pessoa honesta que tenha sido destruída? Tenho notado que os que aram campos de maldade e plantam sementes de desgraça só colhem maldade e desgraça. Como uma tempestade, Deus os destrói na sua ira. Eles rugem como um leão feroz, mas Deus os faz calar e lhes quebra os dentes. Assim como leões que não podem caçar, eles morrem de fome, e os seus filhos se espalham. 

"Veio a mim de mansinho uma mensagem, em voz tão baixa, que mal pude ouvir. À noite, quando as pessoas dormem um sono pesado, eu tive um pesadelo que me deixou agitado. O terror tomou conta de mim, e o meu corpo inteiro começou a tremer. Um sopro passou pelo meu rosto, e eu fiquei todo arrepiado. Alguém estava ali; olhei bem, mas não pude ver a sua forma. Houve silêncio, e depois ouvi uma voz, que disse: 'Será que alguém pode ser correto diante de Deus? Será que alguém pode ser puro aos olhos do seu Criador?' Deus não confia nem nos seus servidores celestiais e até nos seus anjos ele encontra defeitos. Então você pensa que ele vai confiar nos seres humanos, que são feitos de barro, que foram criados do pó e que podem ser esmagados como uma traça? Podemos estar vivos de manhã, mas de tarde morremos para sempre, e ninguém se importa. A nossa vida se acaba como cai uma barraca, e morremos sem termos alcançado a sabedoria. (Jó 4)

Elifaz insta Jó a buscar a Deus

Grite, Jó! Veja se alguém responde Que anjo você vai chamar? Ficar desgostoso e amargurado é loucura, é falta de juízo, que leva à morte. Uma vez vi um homem sem juízo que parecia estar progredindo na vida, mas eu amaldiçoei a família dele. Os seus filhos não têm segurança; nos tribunais são condenados injustamente, e não há ninguém que os defenda. Os famintos ficam cobiçando as suas riquezas; devoram as suas colheitas, pegando até o trigo que nasce entre os espinhos. A aflição não brota da terra; a desgraça não nasce do chão: somos nós mesmos que causamos o sofrimento, tão certo como as faíscas das brasas voam para cima. Jó, se eu fosse você, voltaria para Deus e entregaria o meu problema a ele. Nós não podemos entender as coisas maravilhosas que ele faz, e os seus milagres não têm fim. Deus dá chuva à terra; ele faz a água cair sobre os campos. Deus põe os humildes nas alturas, põe num lugar seguro os que choram. Deus faz com que os planos dos espertos falhem e que as suas ações fracassem; ele pega os sábios nas suas espertezas e acaba com as suas intrigas. Em pleno dia eles ficam no escuro e ao meio-dia andam às cegas, apalpando como se fosse noite. Deus salva da morte os pobres; ele livra os necessitados das mãos dos poderosos. Deus dá esperança aos fracos e tapa a boca dos maus.

Feliz é aquele a quem Deus corrige! Por isso, não despreze o castigo do Deus Todo-Poderoso. Deus fere, mas ele mesmo faz o curativo; ele machuca, mas as suas mãos curam. Vez após vez Deus salvará você do perigo e não deixará que nenhum mal lhe aconteça. Em tempo de fome, Deus não deixará que você morra e em tempo de guerra ele o salvará da espada. Ele o protegerá das más línguas, e você não terá medo quando houver destruição. Você se rirá quando houver violência e faltarem alimentos e não terá medo dos animais selvagens. Nos seus campos as pedras não estorvarão o arado, e os animais selvagens não o atacarão. Na sua casa você viverá em paz e, quando contar as suas coisas, não vai achar falta de nada. Você terá muitos filhos, e os seus descendentes serão tantos como as folhas de capim no pasto. Você vai morrer velho e forte, como um feixe de trigo colhido no tempo certo. Jó, a vida nos ensina que é assim. Está é a verdade; pense nisso para o seu próprio bem. (Jó 5)

OBSERVAÇÃO:

Elifaz via o sofrimento de Jó como uma punição divina, que deveria ser bem recebida, a fim de trazer a pessoa de volta para Deus. Ele alegava ter recebido sabedoria secreta através de uma revelação especial de Deus (4:12-16), e que havia aprendido muito através da experiência pessoal (4:8). Seu argumento foi que o sofrimento é resultado direto do pecado, assim sendo, o sofrimento de Jó chegaria ao fim no momento em que seu pecado fosse confessado.

Erros nos comentários de Elifaz:

1 - Ele deduz que uma pessoa boa e inocente nunca sofre;
2 - Os que sofrem estão sendo punidos por seus pecados passados;
3 - Embora Elifaz alegasse que a sua visão era divinamente inspirada, é de se duvidar que tenha vindo de Deus, porque mais tarde Deus o criticou por falar em nome dEle (42:7).




Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

#126 - Os 10 mandamentos

#147 - As responsabilidades dos coatitas: grupo de famílias de Coate

#8 - Descendentes de Noé e fatos da época